sábado, junho 27

Capítulo 3 - Sobre como Mao Tsé Tung entrou na vida dos entomologistas

Edith tinha um relacionamento instável com seus amigos, talvez porque eles discordavam muito quanto às melhores marcas de chá e não davam espaço para ela se manifestar. Sua biologia barata era ridicularizada por todos os entomologistas, que sabiam o que era Ascaris lombricoides mas preferiam falar de esclavagismo entre formigas e pulgões.
Edith mal sabia o que era um pulgão, o que era motivo de riso e chacota em seu círculo social.
mesmo assim, tudo corria bem até a casa de T. Todos discutiam a importancia de uma toalha de mesa bordada por siameses, mas Edith não gostava de falar sobre isso. Seu desconforto crescia razoavelmente até o ápice da náusea, quando as toalhas natalinas foram abordadas.
Siameses e natal era uma mistura explosiva no cérebro de Edith, que teve um colapso nervoso e ficou congelada por horas. Como se não fosse suficiente, seus amigos entomologistas a colocaram no microondas para que voltasse ao normal, mas não se lembraram do pino metálico de boliche implantado no joelho de Edith quando ela tinha vinte anos. Dentro do microondas, ela via seus algozes rindo e bebendo uísque enquanto ela se contorcia para não morrer.
Foi então que ele apareceu.
Mao Tsé Tung se materializou após alguém apertar o botão de 'pizza' dos controles do microondas. Alguns dizem que foi o botão de 'brigadeiro' que fora acionado, mas essas são apenas lendárias suposições. Mao salvou Edith ao puxar a alavanca de incêndio do eletrodoméstico. Uma luz vermelha se acendeu internamente, e, arrastando-se no chão, Edith e Mao Tsé Tung escaparam pela saída de emergência.
Ao ver seus amigos entomologistas do lado de fora, Edith deu um grito e quebrou uma jarra de leite. Este ato fora um insulto aos entonologistas, que, indignados, nunca mais falaram com ela.

- Onde já se viu? A jarra de leite...! - gritavam algumas, abraçando-se ao casaco de pele e girando as pérolas entre os dedos enquanto deixavam a casa de T., melindrosamente.

Mao Tsé Tung transformou-se num herói para Edith, mas uma afronta ao verdadeiro Mao. Assim, uma perseguição se iniciou. Mao Tsé Tung se exilou nas Malvinas, temendo o grande timoneiro e sua capa de tweed.

domingo, fevereiro 8

Capítulo 2 - Sobre como a fúria de Edith se revelou após a revelação do inseto

Um dia, Edith acordou e o inseto não estava em sua caixa de fósforos estilizada com fotos de marlene dietrich e um adesivo de estrela verde que já pertenceu a um caderno da tilibra. Edith procurava o inseto, mas não o encontrou. ele não estava no formigueiro, nem no galho de figueira, e muito menos na estante de livros. quando finalmente cansou da sua busca, Edith encontrou um post it colado na geladeira:



saí com seus amigos entomologistas. volto logo após o meio-dia. não me telefone.



não tem cabimento! - pensou Edith.

Edith agora odiava os seus amigos entomologistas, desde que recebeu um telefonema as três da manhã perguntando se era da pizzaria. Edith tinha certeza de que tinha sido um trote e de que eles estavam por trás daquilo. mas não sabia como provar. o único que poderia encriminá-los estava morto e se chamava Mao Tsé Tung, em homengem ao Verdadeiro Mao Tsé Tung, que na verdade se chamava Zorro e usava uma túnica confeccionada pelo ex-terceiro secretário da Scotland Yard.
Edith esperou até doze horas e um minuto. foi quando o inseto chegou, completamente bêbado e chamando os móveis de Trotsky. Trotsky era o vizinho, que prestava serviços sociais no méxico em 1960 e agora estava em quarentena por quarenta anos, desde que voltou. segundo as autoridades, ele era suspeito de portar a gripe fridakahloidiana, que atacava barbudos.
Edith riu, mas não deixou de sentir pena do inseto, que tinha problemas com bebidas e com barbudos (os entomologistas não eram barbudos, apenas aqueles que possuíam lustrosas cabeças calvas).

nyo yppii nooiiipyy! - revelou o inseto.
oh, não! - exclamou Edith. - Vou matá-los!

quarta-feira, janeiro 28

Capítulo 1 - Sobre a sociedade de consumo e seu vício de achinesar o mercado ou simplesmente sobre como Edith adquiriu o tão raro inseto.



Edith comprou um inseto porque comprar estava na moda.
Edith fazia parte da sociedade de consumo e era poliglota. os poliglotas gostam de livros, cigarros e viagens. Edith só gostava de cigarros porque a faziam emagrecer e ela sempre cultuou a magreza acima de todas as outras coisas que cultua. Mas ser magra não a ajudava a se socializar, por isso, ela se sentia só. Por isso, resolveu comprar um inseto.
Edith tinha muitos amigos entomologistas que poderiam ajudá-la a adotar um inseto, mas todos os seus amigos entomologistas eram poliglotas e estavam viajando. E, mesmo assim, não queriam ver Edith nunca mais em suas vidas. Alguns, desde a Festa do Chá (sim, aquela na casa de T.), outros, desde 1987, quando ela fez seu primeiro desenho de Mao tsé tung e eles planejavam visitar a China.
Edith saiu andando pela rua, cantando e dançando como se estivesse num musical (sua diversão preferida depois de se fantasiar de cigarra e tocar violão ao invés de estocar comida). Edith acabou se batendo num inseto e caiu. Era sábado, e ele tinha cara de Lock. Ele foi educado e a ajudou a se levantar, ela limpava a poeira das roupas pretas facilmente empoeiráveis. Ele disse seus predicados. Edith efetuou a compra na mesma hora, sem muito pensar nas consequencias de ter em casa um inseto chinês educado numa ilha da indonésia filho de pais separados e ainda por cima especialista em quiropraxia jurídica.
O inseto tinha cara de rod stuart aos domingos, e teve criação budista. o inseto falava ypsonlês na maior parte do tempo, o que não era um problema para Edith, já que era poliglota.

(Edith canta Je ne regret rien e encanta a todos num bar qualquer, enquanto o inseto bebe cerveja bavaria e conta a ela suas aventuras como dublador na Índia)

O inseto gostava de livros, cigarros e viagens, já que era poliglota, e de uísque.
Edith acha que fez um bom negócio ao comprar o inseto.